Lobito 19 Maio 1976

Até à independência, Angola editava três jornais diários em Luanda (chegou haver quatro), um diário no Lobito, e vários outros periódicos não diários, espalhados pela mais importantes cidades, além de uma boa revista ilustrada e outras mais especializadas.

Com descolonização foram extinguido um a um, e hoje apenas restam dois diários em Luanda e talvez algum semanário mais teimoso na província. De revistas, não tenho conhecimento de sobrevivência.

Várias causa terão originado esta mortandade da Imprensa; e a principal será, sem dúvida, o êxodo da população branca. Esta actividade estava praticamente em mãos dos brancos e poucos pretos seriam capazes de lhes suceder.

Por outro lado, caiu verticalmente a massa leitora constituída essencialmente por esses brancos que sustentavam as tiragens.
Outra razão será o rígido espartilho que envolveu a Imprensa ainda subsistente. Cedo essa Imprensa teve que se amoldar ás exigências políticas do Movimento dominante. Enquanto existiam os 3 Movimentos, ainda havia liberdade de expressão apenas condicionada pelo interesse nacional. Depois, com o MPLA como único senhor, os jornais perderam o resto de independência que lhes sobrava. De noticiosos e críticos passaram exclusivamente a órgãos de propaganda bolchevista.

O diário "O Lobito", que nos últimos tempos se havia reduzido a trissemanário, e sempre foi quando possível independente, passou, por força das circunstâncias, a porta-voz da UNITA durante os três meses de domínio deste Movimento. Com o advento do MPLA, em Fevereiro, apenas sobreviveu 15 dias. A pretexto de qualquer artigo ou expressão considerada reaccionária, foi suspenso por tempo indeterminado, ainda hoje perdura essa suspensão.





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