Lobito 3 de Setembro 1975

Mais uma vez relato estes acontecimentos.

A situação militar mantêm-se com pequenas alterações.
No sul, forças da Republica de África do Sul transpuseram a fronteira angolana e ocuparam a zona que circunda os trabalhos da barragem do rio Cuneme (no Ruacaná) com objectivo de proteger de qualquer destruição aquela barragem que está a ser construída e financiada por aquele país. Pouco depois e pela mesma fronteira, consta que entrou outro contingente armado (a principio propalou-se ser do exercito sul africano) que teria dado combate ás forças dos Movimentos e as fez recuar, segundo também consta, até Sá da Bandeira ( a 400 Km para Norte). Este contingente. a que já se reclama o 4º Movimento, parece que afinal é constituído apenas por voluntários, sobretudo por refugiados portugueses de Angola e (diz-se) de Moçambique.
No Norte, as forças da FNLA (que ocupam toda a zona Norte) puseram cerco a Luanda com numerosas tropas e mais moderno armamento, travando-se combates a 15/20 Km da periferia da capital.
A situação dos brancos (que não intervêm directamente na luta) torna-se dia a dia menos sustentável; principalmente no Norte têm sido as grandes vitimas, seja qual for a sorte das armas.
O vencedor (ou aderentes ao vencedor) assassina, tortura, espanca, viola, saqueia e arrasa. Malange, uma das cidade de segunda grandeza em termos angolanos, encontra-se despovoada e quase destruída. Hoje parece que não existe lá um branco, dos cerca de 25 mil que ocupavam em edifícios de traça moderna de 6 e 8 pisos.
E o exercito Português continua calmamente na sua "neutralidade activa". aliás como reflexo de desinteresse e dos objectivos do Governo Português.
Somo logicamente levados a supor que é precisamente isso que aquele Governo comunista pretende: continuar a esquecer-se da existência de 600 mil brancos portugueses, já que também os esqueceu quando em Alvor, fez a entrega precipitada de Angola, não lhe convêm agora impor-se para salvaguar as suas vidas; por outro lado, também não lhe convirá acolhe-los na Metrópole, onde já terá uma centenas de milhar de desempregados e uma economia aceleradamente destroçada.