Lobito 21 Junho 1976

Passa já de 4 meses que a UNITA e a FNLA foram banidos e, entretanto, continua a nada se saber dos destino das suas tropas.
Ora, como já tive ocasião de dizer, essas tropas não se renderam, não se entregaram, desapareceram simplesmente com quase todo o seu material e equipamento e, afora uma ou outra acção de guerrilha, jazem ocultas (e inoperantes) nas lonjuras da mata. Isto dá que pensar, já que não será inadmissível permanecerem nessa situação sem um fim a alcançar.

Por isso, e congeminando, não vejo alternativa para o seguinte:

Os comandos desses Movimentos, perante o empenho em força do exercito cubano durante o mês de Janeiro, ter-se-iam sentido em situação de franca inferioridade para suster a arremetida. Inferioridade em material e equipamento, inferioridade em organização logística e, principalmente, inferioridade em preparação militar dos seus soldados. Sempre foi flagrante a mediocridade dos seus comandos subalternos.

Então, em vez de tentarem uma resistência suicida, teriam optado por sucessivas retiradas na medida do avanço cubano, quase sem se darem ao combate e, de retirada, acabaram por desaparecer.

O MPLA cantou, então, loas em louvor das "gloriosas FAPLA" que, afinal, à campanha pouco mais prestaram que o nome, e assentou arraiais em todo o território (civilizado) angolano.
Parecia que tudo estava terminado,mas levantou-se logo a questão: se a UNITA e FNLA não se entregaram, que lhes aconteceu?
Esta interrogação ainda paira nos dias de hoje, mas o Governo e os dirigentes do MPLA não devem viver nessa ignorância. E se não souberem concretamente o que se passa, devem suspeitá-lo pois nota-se certa inquietação nas suas actividades e ... os cubanos continuam a permanecer em Angola.

A FNLA e a UNITA colheram dura lição da sua impreparação e, sem dúvida, não se aventurarão a novos empreendimentos sem possuírem quadros devidamente habilitados e organizados. Estará nisso a explicação da sua hibernação.




CONTINUA...