Lobtio 5 de Novembro 1975

Situação anterior. Nada de concreto se sabe sobre o que se passa em Benguela. Em compensação fervem os díspares boatos.
Continuam a afluir ao Lobito tropas do MPLA e vê-se que os soldados andam completamente desorientados pois faltam-lhes os comandos segundo parece.
A população civil está quase toda recolhida. Prossegue, com maior afã, o roubo de carros. E agora mais descaradamente. Todo aquele que se afoite a transitar nas ruas arrisca-se a encontrar um grupo armado que lhe toma à força o carro e terá que regressar a pé. Isto acompanhado, por vezes, com os insultos mais soezes. Mas se o carro está estacionado e fechado, também não há problema: arromba-se à coronhada.
A soldadesca, sentindo-se sem comandos, está então a fazer a sua guerra individual. Cada um arranja-se.
É interessante notar que os chefes, quer políticos, quer militares, foram os primeiros a abandonar a "praça", sem mesmo darem satisfação ou noticias aos seus subordinados. Seguiram com a maioria solicitude e "disciplina" o exemplo do seu Governador do Distrito.
Nas ruas, os militares desorientados passam em camiões ou nos carros roubados, para baixo e para cima, armas em riste, como quem procura um rumo que não encontra.
Não é uma retirada, é uma debandada, um salve-se quem puder.