Recordando...

Voltemos uns meses atrás para ver o que, entretanto, se passou na Governação.

Com o reatar da violência depois do malogrado Acordo de Nakuru, e em resultado de violentas lutas em Luanda, o MPLA expulsou da cidade a FNLA, primeiro, e depois a UNITA. E, como já ficou dito, a FNLA recolheu aos distritos do Norte e a UNITA ao Planalto Central, ocupando os distritos de Huambo, Bié e parte de outros limítrofes.

Ficou, assim, o MPLA senhor absoluto de Luanda, ao arrepio do acordado em Alvor. Ora o Governo, como também já se disse, era formado por elementos de cada um dos três Movimentos, distribuídos equitativamente pelos vários Ministérios. Mas a vitória militar do MPLA tornou insustentável a permanência dos Ministro adversos, os quais se viram forçados a abandonar apressadamente a capital recolhendo às posições dos seus Movimentos.

Desde então Angola ficou administrativamente tripartida, já que as regiões ocupadas pela FNLA e UNITA não obedecem ao comando de Luanda.

Esta situação, que surgiu em Julho (salvo erro), ainda se mantém actualmente. O Alto Comissário
Português, romanticamente o Supremo Magistrado do País, tomou medidas de circunstância e nomeou para reger Ministérios vagos os Secretários de Estado e os Directores Gerais que restavam. E assim continuou o Governo apenas com elementos do MPLA, como aliás "democraticamente" convinha.

Será fácil adivinhar os entraves económicos que disso resultaram, e cada vez mais agudamente se fazem sentir, dado que, pela diversidade ecológica, as várias regiões de Angola são de economia complementar. Cada região passou, praticamente, a bastar-se a si própria com crescente carências de produtos oriundos de outras zonas.

E como não se vislumbra para breve um apaziguamento da situação, o país caminha inexoravelmente para a ruína, o colapso.

A debandada de técnicos brancos continua acelerada. Os pouco pretos profissionalmente habilitados são de fraca produtividade quando lhes falta apoio e orientação dos brancos.

Podemos Resumir a actual posição por ramos de actividade:

Indústria extractiva - Quase paralisada, por falta de técnicos, por falta de pessoal executivo, por falta de transportes internos, por falta de exportação consequentemente.

Indústria transformadora - Mesmo panorama. Além das carências anteriores, há a acrescer a falta de matéria prima para laborar e a difícil ou mesmo impossível distribuição pelos locais de consumo.



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